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Contexto é soberano: Profissionais da Inovação se juntam para um Download do Web Summit Rio no Fonte Hub da Rede Gazeta

Para finalizar o mês em que o Brasil, mais especificamente o Rio, realizou a primeira edição do Web Summit Rio, que recebeu um público total de 21 mil pessoas, 400 palestrantes e mais de 100 horas de conteúdo, o Fonte Hub, Hub de Inovação da Rede Gazeta, organizou um “Download” para discutirmos sobre os principais assuntos abordados no evento. A Patricia Lino, coordenadora do Fonte Hub abriu o evento comentando sobre a vocação do Fonte em criar momentos de conexão como esse que contribuem com o ecossistema de inovação, gerando debates, trazendo informações e movimentando toda uma cadeia formada por profissionais da imprensa, executivos, especialistas, empreendedores e investidores.

Flávia Martins, Gladston Campos, Patrícia Lino, Ronaldo Cohin e Maíra do Vale no Fonte Hub

Esse evento que foi viabilizado com apoio institucional do BANDES mostrou como esse ambiente de inovação está sendo bem estruturado no Espírito Santo, tendo diferentes players que proporcionam espaços, informação, ensino e mentorias para profissionais e empreendedores que querem criar novas ideias em solo capixaba. Nesse ano que eu tenho circulado mais em eventos de negócios e empreendedorismo aqui no estado, consigo perceber como as empresas locais estão empolgadas com o tema da inovação e como elas estão incentivando iniciativas e até criando seus próprios hubs de inovação, como o próprio BANDES com o seu Epicentro.

O BANDES como um grande fomentador do ecossistema capixaba de inovação e um grande incentivador se apresentou para os participantes do evento e na figura da Ivone Pontes, contando um pouco da trajetória do BANDES, seus principais produtos e resultados:

  • Como um banco de desenvolvimento são os únicos repassadores da linha de crédito da FINEP para empresas já estruturadas ou startups instaladas no ES com média de juros de 6% aa em até seis anos com até dois anos de carência.
  • Através de Fundos de Investimento em Participação, o BANDES foi pioneiro no apoio de empresas através dessa modalidade e desde 2016 já foram 10 milhões de reais no CRIATEC3 para investir em fundos capixabas. O FIP FUNSES1, um dos mais conhecidos, é um fundo público estruturado pelo BANDES e que conta com 250 milhões de reais para serem destinados ao desenvolvimento do estado. Esse fundo tem como proposta investir em empresas capixabas em todos os estágios de desenvolvimento através da aceleração com investimento na média de R$ 500.000,00 por empreendimento e também pretende acelerar digitalmente até 500 empresas durante os 10 anos do projeto, nesse caso sem aporte de recursos. Desde que começaram, já investiram em 17 empresas, sendo 12 startups, e já aceleraram 76 ideias. Além disso, o fundo pode participar de outras empresas que não precisam passar por processo de aceleração, com investimentos a partir de 2 milhões de reais, podendo chegar até 30 milhões de reais. Os recursos vêm do Fundo Soberano que é formado por um percentual de royalties do petróleo e participação especial que também têm como objetivo servir de poupança, e que conta atualmente com o montante de 1,3 bilhões de reais.

Com mediação da Editora do Estúdio Gazeta Flávia Martins e presença do Ronaldo Cohin, CEO e Founder da Jade Autism, vencedor da competição de pitch no Web Summit Rio (Ronaldo venceu o PITCH, competição oficial do Web Summit, levando a melhor nesse desafio que contava com outras 973 startups em estágio inicial, as principais do mundo), do Gladston Campos, Gerente de Tecnologia e Projetos Estratégicos da Viação Águia Branca e da mentora de inovação Maíra do Vale, o bate-papo foi inspirador e eu vou apresentar aqui os highlights dessa noite e os principais insights que tive.

A Jade Autism é uma plataforma gamificada que acelera a educação de crianças neurodiversas, nasceu em 2018 em Vitória e já atende 300 escolas e 160 mil crianças. Hoje a companhia está em um momento de expansão internacional, com presença na Inglaterra e o Ronaldo comentou sobre sua participação no evento e sua felicidade em receber esse prêmio que valida o Brasil no cenário de startups, mas principalmente o cenário capixaba, mostrando que o ecossistema local está tendo destaque mundial. Ele também salientou a diferença com suas experiências entre os investidores brasileiros e os investidores estrangeiros, comentando sobre o nível de maturidade do último em realmente querer proporcionar o crescimento do negócio (através não só de aporte financeiro, mas também de contatos, acesso e até de mentoria dos investidores, tendo assim um papel ativo na startup que está recebendo o investimento, eles olham para o fundador e a capacidade de tração daquela tecnologia, já que muitas vezes a startup não está tracionando porque não consegue escalar), enquanto o investidor brasileiro quer logo uma grande parte do negócio, já matando a startup logo na entrada, impedindo uma nova rodada de capital, falta então maturidade para investir em startups sem “estrangular” seus fundadores.

Flávia deixou claro que o tema dessa edição foi, é claro, inteligência artificial, e que independente do palco que você estivesse assistindo, não se falava em outra coisa. Não é pra menos, é o assunto mais atual. E comentou sobre a fala do David Vélez, CEO da Nubank, que estava presente no evento “essa será a maior e mais rápida revolução que veremos em nossas vidas“. E puxou o Gladston para comentar sobre o que chamou mais atenção no evento, ele então comentou sobre a apresentação mais lúdica desses avanços tecnológicos e compartilhou que na Águia Branca, eles “já trabalham com IA voltada para imagens, para conseguir criar uma condição e condução segura baseado no comportamento do motorista há muito tempo. Então, a gente treina a nossa IA baseada nas imagens dos nossos motoristas há bastante tempo“. Para ele tem que haver “uma parceria a quatro mãos, ou seja, não é só mostrar a tecnologia, é mostrar para que que ela veio e preparar as pessoas para que elas suportem a tecnologia, porque se não ela cria um abismo“.

Outro tema que foi abordado durante o Web Summit Rio foi a inteligência natural e é aí que entra a Maíra, que trabalha com desenvolvimento de pessoas. A Flávia então conectou os assuntos com uma fala do Neil Patelagora mais do que nunca, a tecnologia precisa de humanização“. Para Maíra, já começa que cada um que foi ao evento, viveu um evento diferente, de tão grandioso que foi. E “cada um com a sua história, com a sua perspectiva, então a gente traz um olhar daquilo que fala muito ao coração da gente, na nossa experiência“. Para ela, quem é que faz alguma coisa com a tecnologia, quem é que inova: são as pessoas, dentro das suas organizações, no seu dia a dia, que estão promovendo essa inovação. Ela pontuou então da importância da criatividade e da autenticidade e um dos principais insights que ela teve foi que não devemos mais colocar o consumidor como centro de tudo, mas sim toda forma de vida. “Precisamos pensar para além daquilo que a gente faz para um colega, para um cliente, para um target, para um público, mas para esse meio onde ele vive. Contexto é sempre soberano, então a gente precisa sempre olhar para esse todo para desenvolver de forma diversa, utilizando o marketing colorido, sendo multicor, observando todas as nuances que estão no mercado“.

Foi unanimidade no bate-papo que o Web Summit Rio serviu para inspiração, para captar insights que façam sentido para sua carreira e para o seu negócio, mas que a operação e a implantação em negócios não é tão simples nem tão rápida. Poderemos sim, já podemos inclusive, utilizar a IA para tarefas mais burocráticas, para agilizar processos, mas é inconcebível negócios sem pessoas, negócios sem autenticidade e sem assinatura e isso acontece apenas através de pessoas com seus olhares diferenciados, com suas expertises e com seus repertórios que trazem originalidade sobre diferentes produtos, serviços e experiências. Isso, pelo menos à princípio, não conseguirá ser substituído por tecnologia. O que deve haver é um incentivo à educação sobre essas tecnologias, para diminuir um pouco o abismo entre as pessoas. As empresas e os governos devem então preparar forças de trabalho que serão num futuro próximo substituídas/preteridas por tecnologias, sendo nossa responsabilidade nos preocupar com a formação dessas pessoas, criando novos postos de trabalhos conectados com a atualidade.

Em um momento de perguntas e comentários, eu mesmo comentei que a substituição do jornalismo pela IA não iria acontecer como as pessoas estão imaginando, já que não consigo enxergar como a tecnologia vai dar uma opinião sobre uma sensação, ou uma vivência, ou uma análise aprofundada, se isso vem das conexões e dos pontos que nós comunicadores somos capazes de conectar. Se quando eu entrevisto ou crio uma sequência de perguntas eu utilizo o meu viés e a minha capacidade intelectual que foi construída através das minhas experiências únicas?

O que fazemos é uma forma de arte, de tradução do nosso olhar e tecnologia nenhuma será capaz de mimetizar o íntimo de uma pessoa, a forma que construímos uma narrativa com nuances que são só nossas, com a emoção que colocamos na nossa escrita. E estar numa plataforma de comunicação como a Rede Gazeta me fez valorizar ainda mais minha atuação como colunista e minha facilidade de conceituar experiências imersivas, colaborações, curadoria de conteúdo e compartilhamento de informações.

Essa noite de muita troca foi realmente especial e estar nesse ambiente com outras cabeças pensantes, debatendo sobre o futuro, compartilhando opiniões e conhecendo outras vozes e outras experiências me preencheu e tenho certeza que muita gente saiu de lá com outras ideias.

Foi reconfortante ver esse movimento de compartilhamento acontecer aqui no Espírito Santo e meu desejo é que venham outras experiências como essa! Aproveito para parabenizar o primeiro ano do Fonte Hub, que será completado em 21 de junho e desejar vida longa a essa iniciativa!

Rodrigo Santiago

Rodrigo Santiago

Carioca, mas cosmopolita. Adora traduzir tendências, comportamentos e movimentos através dos seus textos. Adora mergulhar em iniciativas inovadoras e em experiências originais. Adora compartilhar os insights que têm através do seu olhar e conectar pontos não-óbvios, dando mais robustez ao que escreve. Está disponível para cobrir seu evento ou experiência assinando matérias autorais e branded content. Faça uma cotação através da página de contato.