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ArtRio Educação 2023 vai ter como tema Arte Popular Brasileira

A ArtRio apresenta o terceiro módulo do projeto ArtRio Educação, que leva mostras interativas a shopping centers possibilitando conhecimento sobre arte, movimentos artísticos e artistas para um público diverso. A meta é estimular o contato e a interação levando cultura para os espaços diários das pessoas. Realizado pela ArtRio em parceria com a Aliansce Sonae, em 2023 a ação terá como tema Arte Popular Brasileira. A primeira etapa tem início no dia 07 de junho, no shopping Via Parque, na Barra da Tijuca.

A ArtRio tem entre suas principais metas a acessibilidade ao segmento da arte, acabar com qualquer tipo de bloqueio que possa existir oferecendo novas descobertas e informação. Precisamos ter a arte presente no dia a dia da sociedade, e para isso vamos buscar espaços onde as pessoas já estão, despertando a vontade de conhecer mais. Esse é um importante compromisso que temos“, esclarece Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

Paulo Tavares assina a curadoria da mostra, que vai percorrer cinco shoppings do estado do Rio de Janeiro de junho a setembro. Para dialogar com o público, totens trarão informações sobre os artistas, suas técnicas de trabalho, suas obras e regiões de origem. Nos fins de semana, são realizadas oficinas de artes direcionadas para o público infantil. Os artistas presentes no ArtRio Educação 2023 são Mestre Vitalino, Dona Isabel, Ulisses Pereira Chaves, Adalton Fernandes Lopes, Maria Auxiliadora da Silva, Véio, Getúlio Damado, Dona Roxinha, J. Borges, Maria Lira Marques.

Agenda ArtRio Educação 2023

Via Parque Shopping – Av. Ayrton Senna, 3000 – Barra da Tijuca
De 07 a 25 de junho
 

Carioca Shopping – Av. Vicente de Carvalho, 909 – Vila da Penha
De 28 de junho a 16 de julho
 

Caxias Shopping – Rodovia Washington Luíz, 2895 – Parque Duque, Duque de Caxias
De 19 de julho a 06 de agosto
 

Shopping Grande Rio – R. Maria Soares Sendas, 111 – Parque Barreto, São João de Meriti 

De 09 a 27 de agosto
 

Bangu Shopping – R. Fonseca, 240 – Bangu 
De 30 de agosto a 17 de setembro
 

Conheça os artistas da mostra Arte Popular Brasileira

Vitalino Pereira dos Santos, Mestre Vitalino (1909 – 1963)

Mestre Vitalino – obra Boi

Vitalino nasceu em Caruaru (PE) em 1909 e desde cedo foi apresentado ao material que um dia lhe faria famoso – produzia seus próprios brinquedos com as sobras do barro que sua mãe usava. Depois de tanto fazer seus bonecos e composições de cenas, ou “conjuntos”, para vender na feira de Caruaru, recebeu, em 1947, convite para apresentar suas criações no Rio de Janeiro e São Paulo. Sua vida ali começou a melhorar. Sua criação mais icônica e reconhecida é o boi – uma figura imponente, grandiosa e de postura firme, símbolo do sertanejo. Considerado o maior nome da arte popular figurativa brasileira, apresentou de forma muito especial em seus bonecos de barro, o povo nordestino, sua cultura e seus costumes.

Izabel Mendes da Cunha, Dona Izabel (1924 – 2014)

Dona Izabel – obra Mulher-moringa com pássaro

Nasceu no município de Itinga, Vale do Jequitinhonha (MG) em 1924. Nessa região, a tradição da manufatura em argila é comumente passada de mãe para filhas. Com o passar dos anos, o trabalho com o barro se transformou em sua principal fonte de renda, tornando-se paneleira, assim como sua mãe, avó e bisavó. Após ficar viúva, mudou-se com os filhos para Santana do Araçuaí, também no Vale do Jequitinhonha. Na década de 70 começaram a surgir suas bonecas – inicialmente moringas que assumiam a forma de mulheres, com a cabeça fazendo o papel de “tampa” –, e as noivas, que se tornaram sua marca. Essa foi a maneira que encontrou de se diferenciar. Dona Izabel passou então a sofisticar suas criações utilizando mais detalhes e cores diferentes, resultado do uso da técnica do engobo, ou “água de barro”, em que dissolvia material vindo de diversas fontes de barro, para usá-lo como tinta, conferindo também um brilho característico às peças.

Ulisses Pereira Chaves (1922 – 2006)

Ulisses Pereira Chaves

Nascido em 1922, na pequena cidade rural de Córrego Santo Antônio, no Vale do Jequitinhonha, Ulisses tinha uma família simples e aprendeu o ofício com a sua mãe, paneleira. Dizia que tinha recebido um chamamento da natureza para criar suas figuras, formas meio humanas unidas a partes de corpos de animais, formando seres únicos e estranhamente maravilhosos!

Adalton Fernandes Lopes (1938 – 2005)

Adalton Fernandes Lopes – obra Jogo de Totó

Nascido na comunidade do Maruí, em Niterói, foi pescador, soldado da Polícia Militar, motorista, biscateiro… Começou moldando seus próprios brinquedos no barro dos arredores de casa, já que não tinha dinheiro para comprá-los. Mais tarde, inspirado pelo trabalho de Mestre Vitalino (Caruaru, PE) que teve contato através de matérias em jornais da época, percebeu que aquela atividade poderia se tornar uma profissão. Inicialmente criou figuras isoladas ou em pequenas composições que, com o tempo, passaram a ser construídas como cenas complexas, com movimentos gerados por engrenagens que montava de forma criativa e muitas vezes improvisadas, usando arames, fios de nylon, relógios, pilhas. Esses mecanismos-engenhocas chegavam a ter centenas de personagens interagindo. Fez circos, rodas de samba, Serras Peladas, Paixões de Cristo… O sagrado e o profano. Retratava como poucos as pessoas comuns. Deixava transparecer em seus trabalhos um tom de crítica social, de reivindicação do papel de protagonista do povo brasileiro.

Maria Auxiliadora da Silva (1935 – 1974)

Maria Auxiliadora da Silva – obra Plantação

Nascida em Campo Belo, Minas Gerais, Maria Auxiliadora mudou-se ainda bem nova para São Paulo com sua numerosa família de artistas – sua mãe era escultora, pintora e bordadeira. Ainda criança precisou deixar a escola para auxiliar no sustento de casa. Passou então a trabalhar como empregada doméstica e depois como bordadeira numa fábrica. Mas foi através da pintura que ela pode se expressar, retratando cenas do cotidiano urbano e rural, além de temas afro-brasileiros e populares, onde pessoas comuns assumiam o protagonismo. Experimentou técnicas inovadoras em seus trabalhos, adicionando camadas grossas de tinta ou massa acrílica misturadas com mechas de seu próprio cabelo ao pintar, conferindo relevo e tridimensionalidade às figuras e formas. Também explorou a utilização da escrita em suas obras, incluindo diálogos em “balões” nas telas, como nas histórias em quadrinhos, mostrando profunda perspicácia em relação às mídias e maneiras de comunicação de sua época.

Cícero Alves dos Santos, Véio (1947)

Véio – obra Sem Título

Nascido em Nossa Senhora da Glória (SE), ganhou o apelido de Véio ainda criança. Gostava de conversar com os mais velhos para poder ouvir histórias do sertão contadas pelos mais antigos – lobisomem, caipora, fogo corredor… Com isso nasceu o interesse pela preservação da memória da região. Gostava de fazer pequenos bonecos com cera de abelha, mas os desmanchava assim que alguém se aproximava – menino tinha que trabalhar na roça… Foi vender suas primeiras peças consideradas obras de arte lá nos anos 1980. Explica, sabiamente, que as madeiras novas trazem o valor da juventude e já as velhas, fragilizadas pela ação do tempo e da natureza, mostram a parte final da vida. Para suas criações costuma seguir por um dos dois caminhos: ou imagina uma cena real e a esculpe em pedaços de tronco ou madeira descartada – que podem ir de poucos milímetros a mais de 2 metros de altura, ou antevê expressões de seres nas madeiras e raízes quase in natura que busca nos arredores de seu sítio. Nessas peças intervém muito pouco.

Getúlio Damado (1955)

Getúlio Damado – obra Bonde

Nasceu na cidade mineira de Espera Feliz. Nos anos 80, veio para o Rio de Janeiro, para o bairro de Santa Teresa (RJ), onde montou uma banca em que consertava panelas e outros utensílios. Sempre foi encantado com os bondes e trens que via por onde passava, então começou a pegar coisas que encontrava pelos caminhos e decidiu confeccionar um bonde de madeira reaproveitada. Seus amigos passaram a se interessar pelas peças e as encomendavam para ele. Tudo que vê e recolhe pode ser transformado em bonecos, quadros, objetos – todos com história e nomes que dá e que fazem parte de seu universo. São referências as cenas do bairro, mas também suas lembranças de Minas Gerais, seus amores…

Maria José Lisboa da Cruz, Dona Roxinha (1956)

Dona Roxinha – obra Quebrar Milho

Nascida no povoado de Lagoa da Pedra, em Alagoas, costuma pintar cenas do cotidiano – tanto as que resgata de sua memória, como as que vê ao seu redor. Diz que começou a fazer os registros porque gostava de passear pela cidade com seu marido e à noite, quando voltavam para casa, faziam sua “resenha” regada a desenhos em cadernos e risadas. Esses cadernos infelizmente foram esquecidos “na mata”, quando achou que nunca seria uma artista de verdade… Faz críticas divertidas sobre a política, a sociedade, as relações amorosas, sempre colocando protagonismo nas mulheres que estão sempre presentes em seus trabalhos.

José Francisco Borges, J. Borges (1935)

J. Borges – obra Forró Pé de Serra

Nascido em 1935 na cidade de Bezerros, no agreste pernambucano, J. Borges é reconhecido como um dos maiores nomes da xilogravura e da  literatura de cordel. A xilogravura é uma técnica ancestral, provavelmente de origem chinesa, mas que veio para o Brasil através dos portugueses, e que consiste em esculpir uma placa de madeira (matriz), umedecendo-a posteriormente com tinta e a pressionando contra uma folha de papel, criando imagens como um “carimbo. Seu imenso universo criativo é habitado por seres imaginários, animais, anjos e demônios, vaqueiros, pessoas simples e personagens do lendário nordestino. Já produziu mais de 300 folhetos de cordel e milhares de xilogravuras, que circularam o mundo, chegando a ser comparadas ao trabalho de Pablo Picasso pelo jornal americano The New York Times, em matéria de 2006, mesmo ano em que foi reconhecido como Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco.

 

Sobre o curador Paulo Tavares

Carioca, pesquisador e colecionador, Paulo Tavares é formado em Engenharia (PUC-RJ), com pós-graduação em Gestão de Negócios (FGV-RJ) e História da Arte (UCAM-RJ).  Sua coleção conta com quase 400 obras de arte contemporânea e popular brasileira – parte dela exposta virtualmente em @obscontemporanea (Instagram) de forma permanente e interativa.

Lançou a GIM – Galeria Imaginária. Atuando no campo da arte popular contemporânea e do design artesanal, busca também uma valorização da nossa terra, seus personagens e heróis anônimos, sua cultura e histórias de vida, mas, principalmente, procura dar visibilidade a grandes talentos e à uma produção artística pujante e necessária.


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Rodrigo Santiago

Rodrigo Santiago

Carioca, mas cosmopolita. Adora traduzir tendências, comportamentos e movimentos através dos seus textos. Adora mergulhar em iniciativas inovadoras e em experiências originais. Adora compartilhar os insights que têm através do seu olhar e conectar pontos não-óbvios, dando mais robustez ao que escreve. Está disponível para cobrir seu evento ou experiência assinando matérias autorais e branded content. Faça uma cotação através da página de contato.